Algumas pessoas já haviam me perguntado sobre não ter mais carro. Nunca havia pensando em escrever sobre isso, mas no fim de semana passado um amigo me encorajou para isso, e cá estou.
Antes de mais nada quero deixar vocês inteirados de uma coisa: Tenho muita facilidade de adaptação. Isso me faz sofrer menos em determinadas situações e até fazer enxergá-las de um jeito mais realista.
Bora aos fatos:
Vendi meu carro para quitar um imóvel,seria algo temporário, mesmo porque meu marido (na época) viajava e eu poderia usar o dele nestes períodos. Apesar disso houve uma resistência, não foi fácil não, afinal, desde os meus 22 anos tinha carro, ficar sem de uma hora para outra causava estranheza.
Pois bem, era temporário, arrisquei.
Nesse interim me separei, e como estava em transição de carreira, mais precisamente estudando, apostando em um negócio que ainda não gerava renda, “nem beira” (ri alto), tive que ir levando sem carro. Confesso que me incomodava.
Os dias foram passando, a grana curta, resolvi alugar minha vaga de garagem para agregar na renda. Aqui entra a facilidade de adaptação que falei no início, aliada com o tempo que o melhor remédio… Assim os pensamentos surgem mais claros e a falta do carro ia diminuindo.
Aos poucos migrei os serviços que usava para as proximidades de casa ou trabalho. Comecei a fazer unha a 100 metros de casa, depilação, malhar e aos poucos minha vida toda estava num raio de 1 km.
Anteriormente para andar um KM usava a esteira da academia (RS), tudo era feito de carro, muitas vezes gastava mais tempo para achar uma vaga do que para chegar a pé ao destino. Estas coisas me irritavam, mas não conseguia mudar. É o hábito! Eles surgem sendo bons ou ruins.
Meus gastos com o carro eram consideravelmente pequenos por fazer tudo perto de casa. Com combustível minha média era uns R$ 400, 00 (quatrocentos reais). Mesmo assim doía abastecer o carro, já que muita coisa daria para fazer na caminhada. Ainda tinha multas, estacionamento, zona azul, flanelhinhas (estes me irritavam ainda mais), depreciação, “riscadinhas” aqui e ali, seguro, IPVA (me irritava muito), manutenção, ufa!
Ter o carro muitas vezes me gerava incomodo, porém o hábito estava muito enraizado, parecia impossível alterar. A necessidade veio a calhar!
Ao começar a fazer tudo ao lado de casa, por não ter mais veículo automotor, era obrigada a andar, isso fazia as distâncias parecem menores. Atualmente ando em média 2 km diário. Melhor para saúde, melhor para o bolso, a qualidade do ar e a natureza agradece.
Meus custos com app de transporte raramente superam o que gastava com o combustível. Pasmem!!! É isso mesmo. Esporadicamente isso ocorreu nestes 12 meses sem carro.
Vale lembrar que minha economia nesse período com seguro, IPVA, multas, estacionamento, manutenção, depreciação, foram superiores, além de poder usar o tempo de trajeto para dormir, trabalhar, fazer vídeos e conhecer pessoas e historias que tanto amo. Ahh, não posso esquecer de dizer que com a locação da minha vaga de garagem, meus custos com o transporte se tornaram menores ainda, já que abato da minha despesa.
Você pode pensar: mas e a comodidade?? posso te falar, eu tenho mais comodidade hoje. Não perco tempo procurando vaga, nem fazendo baliza (e olha que sou boa de estacionar hein? rs).
Dias destes fui ao teatro, e ao sair a fila do estacionamento estava de matar, minha amiga ficou na fila quinze minutos aguardando seu carro, enquanto eu já estava quase em casa com meu motorista de aplicativo. No dia seguinte ela me disse que seu carro apareceu com um ralado, ou seja, combustível, estacionamento e mais um custo com funilaria para a conta dela.
O conforto é menor muitas vezes, pois nem sempre pegamos um carro mais novo, esse é o inconveniente, principalmente se você está acostumado com um de luxo. Em muitos países as pessoas não ligam para carro, andam de transporte público. Aqui no Brasil carro está ligado ao status, por isso, apesar dos benefícios apresentados aqui, ainda há muita resistência.
O que me convenceu mais ainda a ter estas ideias foi fazer conta e experimentar. Sigo assim estudando um pouco de finanças e desconstroindo os paradigmas que seguimos sem ao menos contestar.Deixo para vocês a dica de Bruno Perini que pode facilitar essa mudança de paradigma.
Uso os dois apps mais conhecidos, Uber e 99, sigo alternando entre eles à partir das promoções recebidas. Prefiro a tecnologia Uber, tanto pela disponibilidade de motoristas, como pela interface amigável, além da exatidão de localização cliente/motorista.
Espero que gostem da minha nova rotina com transportes públicos e que talvez vocês se encorajem para quebrar paradigmas que muitas vezes destroem a natureza, e nosso bolso.
Este texto me fez pensar diferente do fomos ensinados a pensar sobre : tem que ter um carro. tem que ter a Casa própria…Podemos??!… Sim! Mas vendo pelo lado que foi discorrido no texto, acredito que seja mais vantajoso… dependendo, claro, da rotina e das prioridades de cada um.
Sim!! Não há regras, o mais importante é entender suas prioridades e rotinas para se adequar a ela. Não basta sair vivendo sem ao menos pensar sobre o que é ou não bom de fato, adotando padrões,
Tati, eu também vendi meu carro, vamos ver como vai ser minha vida depois de muitos anos usando o carro! Parabéns pela postagem!
No começo é difícil. Uns cinco meses para começar a adaptação. Depois conte-me o que achou da mudança. Boa sorte.
Depois de anos sofrendo no trânsito caótico de SP ganhei muitos quilos a mais, pressão alta e uma pré diabetes. Comprei uma bike elétrica e uso para trabalhar diariamente. Já perdi 9 quilos, pressão normalizou e a glicose está onde deveria estar. Tenho moto por lazer (participo de motoclube e viajo bastante) e carro estou tentando me desfazer, mas a esposa insiste em ter.
Bike elétrica ? Conte me mais sobre isso ???
Ahh. Aposto que se ela experimentar vai gostar. Mudar é difícil! Eu mesma experimentei contrariada.